terça-feira, 24 de julho de 2012

Tiradentes ou São José del Rey


Rua em Tiradentes mostrando as casas
e o calçamento. Foto: Marcus Alvarenga
A antiga cidade de São José del Rey em Minas Gerais, mais conhecida hoje como Tiradentes, é mais uma cidade que possui grande importância histórica para o nosso país. Ela é uma das cidades que fez parte da busca pelo ouro e seu nascimento é semelhante ao das outras dessa mesma época. Sendo essa uma cidade colonial, não há muita variação de seu cenário comparado com as outras cidades coloniais. Ela possui lotes estreitos e profundos, ruas sem arborização, sinuosas, acidentadas, entrecortadas por becos e vielas, calçamento em pé de moleque, fachada com beirais aparentes, portas e janelas grandes e coloridas com as paredes brancas e uma arandela de ferro da época, e, se estiver ainda envolto por uma névoa, produz um cenário perfeito que nos faz lembrar das lendas, assombrações e conspirações que deviam ter acontecido naquele local.

Cidade vista de longe mostrando como  a cidade não possui uma
 topografia tão acidentada. 

Chafariz até hoje ativo
Foto: Marcus Alvarenga
No aspecto urbano,  o fato de a cidade não possuir muitas riquezas (comparando a quantidade de ouro extraída em Tiradentes com Ouro Preto)  e a topografia local permitiram que seus fundadores optassem por implantar curvas de níveis, em tabuleiros, evitando as grandes ladeiras como era em Vila Rica (Ouro Preto).  Tanto que a cidade só possui três grandes ladeiras, sendo a sua principal levando à igreja da Matriz.

Em aspecto arquitetônico, Tiradentes consegue ter os três tipos de exemplares arquitetônicos que uma cidade pode ter: Civil, Oficial e religiosa.
Civil: São as antigas casas e casarões coloniais que encontramos ao longo da cidade, podendo ser tanto térreas quanto sobrados.
Oficial : Devido à falta de riquezas, a cidade teve pouco desses exemplares, valendo destacar três edificações de suma importância, que são a Cadeia antiga, a Câmara e o Chafariz de São José, que até hoje se encontra ativo.
Cadeia 

Religiosa: Como no interior do Brasil só foi permitida a entrada das irmandades e confrarias, possuímos em Tiradentes somente igrejas e capelas. Podemos dividi-las em três categorias: 1- Capela com frontões triangulares, acompanhando o caimentos das águas do telhado, como as igrejas de Santo Antonio do Canjica, São Francisco de Paula e São João evangelista.  2- Capelas com frontões curvilíneos, demonstrando uma maior preocupação formal, em sintonia com os modelos eruditos de inspiração barroca, incluindo Bom Jesus Agonizante, Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora do Rosário. 3- A matriz, mostrando boa qualidade, formal e funcional, e atendendo a um repertório barroco. E temos ainda o passo. Esse atendente o repertório arquitetônico das igrejas e só é aberto no dia da paixão, para simular a relembrar a passagem de cristo indo para a crucificação. São 7 passos no total em toda a cidade. 

Igreja da Matriz, Atendendo a 3ª
categoria - Foto: Marcus Alvarenga
Igreja Nossa Senhora do Rosário,
Atendendo a 2ª categoria
Foto: Marcus Alvarenga

Igreja São Francisco de Paula,
atendendo ao 1º categoria 


Um Passo
Foto: Marcus Alvarenga
E não para por ai.
Ao longo da cidade encontramos também exemplares de casas começando a atender à arquitetura neoclássica e ao eclético. São poucas, mas mostram que a cidade não parou no tempo.

E algo que não podemos esquecer é falar sobre o nome da cidade, Tiradentes, que foi dado em homenagem ao alfere Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes.
Memória a Tiradentes 
"...foi em São José que o menino cresceu ouvindo histórias do ouro, como a do Capão da Traição, ali próximo, ou da Guerra dos Emboabas, quando as mulheres paulistas exigiram a iniciativa de seus maridos em resistir ao poder. Ali ele freqüentou as ordens religiosas com seu pai e aprendeu, com o padrinho, o ofício que lhe valeu o apelido.  De São José partiu para tentar a sorte: dentista, tropeiro, minerador e finalmente alferes. De São José o Alferes saiu do estigma de traidor da Coroa para a Glória de luta por um Brasil melhor livre de qualquer jugo."  

Em próximos posts, serão melhor explicados a Antiga Cadeia, o Chafariz, a Arquitetura Religiosa e falaremos de sua cidade vizinha São João del Rey.
Até a próxima.

Cemitério ao lado da Igreja da Matriz
Foto: Marcus Alvarenga


Indo a Tiradentes.
Patricia Otranto

Terra da inconfidência
ouro que causa inocência
inocência de um mundo
que nunca existiu

Sensação vibrante
das terras calmas e brandas
campos verdes refletindo
a paz que há em mim

Céu religioso
pintado nas igrejas
sol abençoado
e noite a assombrar

Será que há seres estranhos?
Não sei.
Mas há os que viveram lá
e sua memória 
escondida em seus túmulos está. 




Fontes:
VERISSIMO, Francisco, BITTAR, William, MENDES, Chico. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial novo milênio 2010
BITTAR, William S. M. Tiradentes - MG: Cadernos de Arquitetura no Brasil. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho.  2012

Fotografia:
- Fotografo: Marcus Alvarenga
- Acervo Pessoal

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Programa De Férias

Iniciativa muito interessante.

Um programa de Férias incluindo jogos, histórias e brincadeiras do acervos do Museu Nacional de Belas Artes para toda a família
Ocorre nos dias 21 e 28 de Julho (aos sabados) as 14hrs
Incrições gratuitas pelo e-mail educacao@mnba.gov.br
ou pelo tel: 22198474
Sujeito a lotação




Fonte:
 - link: http://casasdopatrimoniorj.blogspot.com.br/

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Rio de Janeiro em 1936

Um documentário, dirigido pelo norte americano James A. Fitzpatrick‘s, mostra um Rio de Janeiro diferente  da cidade que conhecemos hojeO Rio de Janeiro da década de 30.

Esse vídeo, talvez, seja o mais antigo que possuímos sobre a cidade sendo ainda colorido.  Ele mostra construções antigas que foram demolidas, mas que faziam parte do cenário carioca, como Palácio Monroe e o Palácio Mourisco da praia de botafogo.
O vídeo também mostra o Pão de açúcar sem os prédio envolta, a praia de Copacabana com poucos edifícios em sua orla, o teatro municipal, a Av. Central, Av. Beira Mar, o inicio de alguns prédios modernos, dentre outros.

Além da cidade, mostra também o cotidiano, os automóveis, as pessoas, as roupas, tudo que foi do Rio que hoje está na memória de quem vivenciou essa época.

Abaixo, o vídeo e algumas imagens antigas mostrando todos esses elementos. 


1

Palácio Mourisco
Postal do Palácio Monroe




terça-feira, 1 de maio de 2012

Fábrica virara Sala de Concerto no Interior de São Paulo.

Um projeto de restauração e revitalização interessante. Vale a pena conferi.

Imagem ilustrativa em como ficará o edifício. 


Atual situação da antiga fábrica
A antiga - e tombada - Fábrica São Martinho, localizada em Tatuí, no interior do Estado de São Paulo, deve ser restaurada e transformada em uma grande sala de concertos e orquestras pelas mãos do escritório de arquitetura paulistano PPMS – Pedro Paulo de Melo Saraiva. Em homenagem ao maestro João Carlos Martins, a sala ganhará o seu nome.

Para enfrentar o desafio de restaurar um bem tombado, o PPMS partiu de um princípio básico: se apropriar do terreno da antiga fábrica preservando ao máximo o bem existente. A antiga torre, por exemplo, será completamente preservada, e, em conjunto com a Praça São Martinho – localizada bem na frente da edificação -, que será revitalizada, vai se tornar a referência imediata para a entrada de pedestres. 

A partir desta entrada principal, o grande hall é o primeiro ambiente encontrado e deve servir também como elemento articulador das demais dependências do conjunto. Meio nível acima deste hall – que também abriga bar, restaurante e bilheteria e conta com uma cobertura transparente – está o foyer principal. Já meio nível abaixo está o Museu com acervo do Maestro João Carlos Martins e, ainda, um salão nobre e a administração do complexo. A maioria desta primeira parte do complexo vai nascer da estrutura preservada da antiga fábrica.

O grande foyer dá acesso ao principal ponto deste conjunto, a sala sinfônica propriamente dita, e, a partir daí, começam também as grandes criações do PPMS. As rampas de acesso, por exemplo, todas protegidas por vidros, ligam o foyer a duas entradas distintas da sala. Já a sala, que deverá ser criada do zero pelos arquitetos, terá capacidade para aproximadamente 1.000 pessoas e deve obedecer todos os requisitos para atingir a acústica ideal de uma sala de concerto. A começar pelo formato tradicional de ‘caixa de sapatos’ – com platéia principal, platéia lateral e dois balcões. Tal configuração permite bom envolvimento entre público e orquestra. O palco foi dimensionado para um conjunto de aproximadamente 90 músicos e coro elevado para 60 vozes. Através do partido estrutural adotado, o volume da sala sinfônica fica suspenso, liberando o chão para estacionamento de veículos, de ônibus e doca de carga e descarga.

Planta Baixa


Por último, mas não menos importante, foi projetado um edifício anexo. Ele é independente da sala sinfônica, porém articulado a ela por meio de duas passarelas e deve abrigar camarins, salas de ensaios, depósitos, oficinas, diretoria da orquestra, convívio dos músicos e restaurante. Abaixo deste bloco, está ainda reservada uma área para vão livre, que deve propiciar atividades e convívio, além de uma praça e jardim remanescentes.

Um dos sócios do escritório, Pedro de Melo Saraiva, conta que as dimensões exigidas pela sala sinfônica - 30m de largura, 41,25m de comprimento e 20m de altura - foram um susto inicialmente. "Como a caixa, que será completamente nova, já é bem grande e rouba a cena, tivemos que ter sutileza nos outros elementos para marcar a intervenção", conta Pedro. 

Corte. 


Por isso, nos três blocos foram utilizadas volumetrias e materiais neutros e distintos entre si, a fim de marcar a intervenção e resguardar a história da construção tombada. Assim, o bloco I tem sua expressão na edificação mantida; o bloco II, por suas necessárias dimensões e por seu revestimento em placas e telas em zinco-titânio, estabelece um interessante jogo de planos e transparências; e, por fim, o bloco III, é todo em concreto armado aparente.

O projeto encontra-se em fase de Estudo Preliminar e deve ser submetido à aprovação dos órgãos de patrimônio responsáveis em breve. A área total construída será de aproximadamente 11.000 m².

Sala de Concertos e Orquestras Maestro João Carlos Martins
Arquitetura e coordenação geral - PPMS Arquitetos Associados - Pedro Paulo de Melo Saraiva, Pedro de Melo Saraiva, Fernando de Magalhães Mendonça 
Colaboradores arquitetos Christian Nobre e Alex Lima de Holanda 
Estagiárias Paula Hori e Dulci Cipriano
Consultoria em Acústica Acústica & Sônica/arquiteto José Augusto Nepomuceno
Levantamento do existente arquiteta Daniela Mungai 

Local Tatuí, SP
Área total 11 mil m²
Ano 2011/2012




domingo, 8 de abril de 2012

Neoclássico - Palácio Itamaraty

Um lugar que, quando você passa pela Rua Marechal Floriano, não imaginaria que seria grande por dentro, com um grande espelho d'água, carpas e cisnes nadando em harmonia diante de edificações que te transportam para o passado. Esse lugar é o Palácio Itamaraty.

Fachada Frontal do Palácio. Rua Marechal Floriano.
Fachada de Fundos mostrando o espelho d'água e palmeiras
Para quem não o conhece, ele foi residência do conde do Itamaraty, Francisco José da Rocha. Sua obra só foi concluída no ano de 1854, sendo vendido em 1889 para ser a sede do Ministério das Relações Exteriores. Com a mudança da capital para Brasília, essa função saiu do edifício e hoje o local é o escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro. Parte dele também abriga os grandes acervos do Museu Histórico e Diplomático, do Arquivo Histórico e da Mapoteca. No prédio também está o Escritório de Informações das Nações Unidas (ONU) no Brasil.


Cisne branco descansando.
Uma jóia da nossa cidade de edificação neoclássica. O palácio, tanto no seu interior quanto no exterior, é um bom exemplo e referência desse estilo arquitetônico que se passou no séc. XIX no nosso país. Para começar, é um edifício que, em sua fachada, não possui um frontão triangular, mas possui ritmo,  modulação e simetria. Utiliza o rosa claro, que era uma cor característico do estilo, faz uso do balcão com ferro forjado e de platibanda para esconder o beiral do telhado  e possui uma entrada para o automóvel da época.  Em seu pátio interno, existe um grande espelho d'água contendo várias carpas e 3 cisnes nadando, um preto e dois brancos, formando um cenário mais romântico no local. Em volta desse espelho, encontramos palmeiras grandes e duas outras edificações, que foram construídas depois do palácio em si e que abrigam o escritório do ministérios das relações exteriores e o da ONU.
Imagem da Biblioteca e Mapoteca.


Ao fundo, onde é hoje a biblioteca e a mapoteca, temos mais um edifício. Esse sim possui um grande frontão triangular e é sustentado por colunas jônicas, fazendo lembrar um antigo templo grego.  No entanto, em seu lado de fora ainda encontramos portas grandes com vidraças de vidro que mostram a evolução dos materiais daquele período da história.


Por fim, em seu interior, também podemos encontrar exemplos de uma composição neoclássica. O teto possui frisos e desenhos trabalhados, sanca, frisos nas paredes, papel de parede, móveis Luis IV, piso em mármore, piso em madeira, espelhos, cortina, lustres, castiçais antigos e até um elevador particular (daqueles antigos), que mostram claramente a elegância e o luxo da alta sociedade daquele tempo. 

Sala dos Índios (de jantar).







Sala Amarela.












Salão de Baile




















Para quem quiser conhecer.
Endereço: Rua Marechal Floriano, 196 - Centro 
Telefone: (21) 2263-4967/3633


Fotografia e Imagens
 - Patricia Otranto
 - Bruno Santos
 - Guilherme Nascimento
 - Wikipedia.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Casas do Patrimônio do Rio de Janeiro: Patrimônio cultural carioca é tema de curso na Cas...

*Divulgando*

Casas do Patrimônio do Rio de Janeiro: Patrimônio cultural carioca é tema de curso na Cas...: Patrimônio cultural carioca é tema de curso na Casa do Saber A diversidade e a origem do patrimônio cultural carioca serão discutidos por Carlos Fernando Andrade e Márcio Roiter durante o curso “As muitas faces do patrimônio do Rio. Da formação histórica e urbana ao modernismo carioca”, de 12 de abril a 03 de maio, na casa do Saber Rio.
O curso abordará a formação histórica e urbana da cidade e seu entorno, a arquitetura luso-brasileira, os estilos do século XIX, o Art Nouveau e o Art Déco, além do Modernismo carioca.
Carlos Fernando Andrade é arquiteto e doutor em urbanismo pela PROURB-FAU-UFRJ. Foi superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio e presidente do IAB-RJ. Márcio Roiter é fundador-presidente do Instituto Art Déco Brasil, curador da exposição “Art Déco: coleção Berardo, what a wonderful world”, na Ilha da Madeira, 2010/2012, e autor do livro "Rio de Janeiro Art Déco".
A Casa do Saber Rio fica na Avenida Epitácio Pessoa, 1164, na Lagoa, e mais informações podem ser obtidas pelo telefone             21 2227-2237 begin_of_the_skype_highlighting            21 2227-2237      end_of_the_skype_highlighting begin_of_the_skype_highlighting            21 2227-2237 begin_of_the_skype_highlighting            21 2227-2237      end_of_the_skype_highlighting      end_of_the_skype_highlighting       e pelo e-mail inforio@casadosaber.com.br.




Fonte:http://casasdopatrimoniorj.blogspot.com.br/2012/04/patrimonio-cultural-carioca-e-tema-de.html?spref=bl

quarta-feira, 28 de março de 2012

Eventos Nesse Final de Março

Esse final de Março está recheado de diversos eventos que estão
acontecendo na cidade do Rio sobre Arquitetura. Antes de entrarmos em
novos posts mostrando mais um pouco sobre a arquitetura brasileira, não
tem como não comentar aqui sobre esses eventos.
Começamos pelo Arq Futuro!, um super circuito de palestras
reunindo diversos Arquitetos nacionais e internacionais. Ele ocorrerá nos
dias 29/03 (quinta) e 30/03 (sexta) e contará com os arquitetos Shiregu
ban, Augusto Ivan Ferreira Pinheiro, Sergio Magalhães, Edward Glaeser,
José Alexandre Scheinkman e Zaha Hadid.
Confira a descrição do Evento extraída do site: “O Arq.Futuro trará
ao país grandes nomes do cenário arquitetônico mundial para
compartilhar suas experiências e opiniões durante dois dias de análise
dos papéis da arquitetura contemporânea, em suas abordagens artística,
social e ambiental. Os critérios estéticos que movem cada arquiteto, a
educação dos cidadãos sobre o assunto e as soluções urbanísticas para
as cidades de hoje são alguns dos temas que serão debatidos nos
encontros. Todo o conteúdo gerado será registrado e disponibilizado
posteriormente em diversos formatos, que incluem a publicação de um
livro bilíngue, material audiovisual com imagens e vídeos exclusivos e a
versão digital do livro para tablets.”
Para saber mais, entre no site http://www.arqfuturo.com.br/
index.php




Ocorrerá também uma palestra na FAU-UFRJ da arquiteta Zaha
Hadid com o seu sócio, o arquiteto Patrick Shumache, no dia 31/03
(sábado) às 11h da manhã no hall do prédio.









E, por fim, teremos uma Oficina de Estudos da Preservação,
promovida pelo IPHAN, com o tema “Entre Relíquias e Casas Velhas”,
oferecida pela arquiteta Paola de Paoli no dia 29/03 (quinta) às 14h.





Até a próxima.