quarta-feira, 28 de março de 2012

Eventos Nesse Final de Março

Esse final de Março está recheado de diversos eventos que estão
acontecendo na cidade do Rio sobre Arquitetura. Antes de entrarmos em
novos posts mostrando mais um pouco sobre a arquitetura brasileira, não
tem como não comentar aqui sobre esses eventos.
Começamos pelo Arq Futuro!, um super circuito de palestras
reunindo diversos Arquitetos nacionais e internacionais. Ele ocorrerá nos
dias 29/03 (quinta) e 30/03 (sexta) e contará com os arquitetos Shiregu
ban, Augusto Ivan Ferreira Pinheiro, Sergio Magalhães, Edward Glaeser,
José Alexandre Scheinkman e Zaha Hadid.
Confira a descrição do Evento extraída do site: “O Arq.Futuro trará
ao país grandes nomes do cenário arquitetônico mundial para
compartilhar suas experiências e opiniões durante dois dias de análise
dos papéis da arquitetura contemporânea, em suas abordagens artística,
social e ambiental. Os critérios estéticos que movem cada arquiteto, a
educação dos cidadãos sobre o assunto e as soluções urbanísticas para
as cidades de hoje são alguns dos temas que serão debatidos nos
encontros. Todo o conteúdo gerado será registrado e disponibilizado
posteriormente em diversos formatos, que incluem a publicação de um
livro bilíngue, material audiovisual com imagens e vídeos exclusivos e a
versão digital do livro para tablets.”
Para saber mais, entre no site http://www.arqfuturo.com.br/
index.php




Ocorrerá também uma palestra na FAU-UFRJ da arquiteta Zaha
Hadid com o seu sócio, o arquiteto Patrick Shumache, no dia 31/03
(sábado) às 11h da manhã no hall do prédio.









E, por fim, teremos uma Oficina de Estudos da Preservação,
promovida pelo IPHAN, com o tema “Entre Relíquias e Casas Velhas”,
oferecida pela arquiteta Paola de Paoli no dia 29/03 (quinta) às 14h.





Até a próxima.

terça-feira, 20 de março de 2012

Filme "Os Irmãos Roberto"

Para quem curte Arquitetura Moderna Brasileira, ai vai uma boa dica para esse final de semana.



Sinopse

Com direção de de Ivana Mendes e Tiago Arakilian, o longa “Os Irmãos Roberto”, que apresenta a trajetória, a obra e o legado dos arquitetos Marcelo, Milton e Maurício Roberto, conhecidos como os irmãos Roberto, foi selecionado para o festival nacional de cinema “É Tudo Verdade”, que tem início no próximo dia 22 de março, em SP, e, 23 de março, no RJ. 

Produzido pela Tríplice Produções, da diretora Ivana Mendes, o filme "Os irmãos Roberto" é um retrato do pioneirismo de Marcelo, Milton e Maurício, integrantes da mesma geração de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Afonso Eduardo Reidy e autores de marcos da arquitetura modernista brasileira, como o premiado prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, e o aeroporto Santos Dumont, também no RJ.

A narrativa é contruída a partir dos depoimentos de diversos arquitetos contemporâneos, que, entre outras coisas, ressaltam a contribuição dos irmãos para a arquitetura nacional, especialmente na formulação de projetos de moradia de classe média que, embora voltadas para o mercado, nunca perderam de vista a beleza e o bem-estar dos ocupantes - valores negligenciados pela padronização de estilos e materiais nas últimas décadas.

O documentário será exibida no Rio de Janeiro, no dias 24 de março, às 21h, e, no dia 25 de março, às 13h, no Espaço Itaú de Cinema da Praia de Botafogo; em São Paulo, as exibições acontecem no dia 26 de março, às 21h, e, no dia 27 de março, às 15h, no Cinesesc Augusta.

“Os Irmãos Roberto” no “É Tudo Verdade”
- São Paulo
Quando 26 de março, às 21h; dia 27 de março, às 15h
Onde Cinesesc – Rua Augusta, 2075 – Jardim Paulista, SP 
Quanto entrada franca  durante o Festival, sujeito à lotação da sala

- Rio de Janeiro
Quando 24 de março, às 21h; 25 de março, às 13h
Onde Espaço Itaú de Cinema – Praia de Botafogo, 316 – Botafogo, RJ
Quanto entrada franca durante o Festival, sujeito à lotação da sala

Informações Tríplice Produções 7854-3379 ou triplice@tripliceproducoes.com.br





Fontes:
http://www.arqbacana.com.br/agenda/Filme+sobre+os+irm%C3%A3os+Roberto+estrela+festival+de+cinema
http://www.iabrj.org.br/estreia-o-filme-os-irmaos-roberto-no-rio-de-janeiro-no-espaco-itau-de-cinema

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"É como voltar no Tempo!"

Bonde de Santa Teresa.
Atualmente está desativado para reforma 

Vamos falar agora de um bairro que "parou no tempo" dentro da nossa cidade do Rio de Janeiro. O bairro de Santa Teresa.

Não há quem não comente que "andar por Santa Teresa é como voltar no tempo". Isso porque algumas de suas construções vão do período colonial ao contemporâneo, além de suas ruas serem bem acentuadas, a maioria ladeiras, e algumas possuirem trechos em calçamento de pé de moleque, lembrando cidades coloniais como, por exemplo, Ouro Preto. Nas suas principais ruas, temos os trilhos por onde passam os bondinhos, que no momento se encontram desativados para reforma, dividindo o espaço com ônibus, carros e pedestres que circulam a  região.

A ocupação do bairro começou no século XVIII com a construção do Convento de Santa Tereza de Jesus, que deu origem ao nome do Bairro. Mais tarde, a classe mais alta começou a dirigir-se para lá, montando seus casarões e mansões com uma arquitetura francesa (que se encontra em pé até hoje). Em 1850, sua ocupação tornou-se mais intensa devido ao surto de febre amarela, que fez com que as pessoas migrassem para locais mais altos, fugindo da contaminação. 

Em 1872, foram instalados os bondes, que hoje são símbolos do bairro, porém somente em 1896 que o Aqueduto da Carioca (Arcos da Lapa) deixou de transportar água do Rio Carioca para o centro da cidade, virando um viaduto para a passagem dos bondes.
Antigamente, Santa Teresa possuía o status de bairro nobre. Hoje esse status já não lhe pertence mais, porém o bairro continua a ser procurado por interesse cultural e turístico. Suas principais atrações são: o Bonde de Santa Teresa, o Museu da Chácara do Céu, o Parque das Ruínas, o Castelo Valentim, o Convento de Santa Teresa, Ateliês, Restaurantes e Bares, a Igreja de Nossa Senhora das Neves e o Museu do Bonde, entre outros.
Largo do Curvelo
Os bondes realizam as paradas nos largos. Na imagem,
 há uma antiga estação terminal do trasporte por tração animal 

e uma casa projetada pelo alemão Riedlinger com forte 
influencia da Bohêmia de seu pais.
Parque das Ruinas
Antiga casa da Laurinha Santos Lobos, que 
foi restaurada e hoje é área de exposição
e lazer, servindo de mirante para uma 

bela paisagem do centro do Rio.















Agora vejamos alguns exemplares arquitetônicos que se encontram por lá.

Colonial: Convento de Santa Teresa.
                           O prédio funciona como convento das Carmelitas Descalças e igreja.                                            
Neoclassico: Residência da rua Monte Alegre
Antiga sede da Chácara dos Viegas. Um belo exemplo de composição neoclássica com adoção de revestimento em azulejaria na fachada, o que a torna uma raridade de sincretismo arquitetônico.
Chalé: Residênci
                Típica casa popularizada no sec. XIX, sendo essa geminada e com entrada lateral.                                                       

Neogotico: Igreja

Felício dos Santos Lobo loteou sua propriedade localizada no bairro de Santa Teresa e, como religioso, doou parte desta para a construção de uma igreja. A primeira pedra da Igreja Matriz de Santa Teresa foi lançada em 29 de Julho de 1916, mas, somente em 14 de Outubro de 1917, a igreja foi inaugurada.
Eclético: Residência

Construção eclética, fazendo alusão a vários estilos para compor o próprio. Esse é o estilo  predominante da região, podendo ter repertório mais rebuscado, simples, ou alterado pelos dias de hoje (muito comum).
Neomedievo/Eclético: Casa Valentin

Foi projetado pelo Mestre Valentin, filho do Comendador Antônio Valentin, no final do século XIX, com três pavimentos. O prédio sofreu uma reforma em 1940 realizada pelo proprietário, o Arquiteto Fernando Valentim, ganhando mais dois andares com oito apartamentos. Imóvel tombado pelo município em 27 de Agosto de 1990.
Neocolonial/ Californiano: Residência

Exemplo típico de casa neocolonial hispano-americano californiana, com uma torre cilíndrica amostra. Mas ela não é a única no bairro em termos de casa neocolonial. Em Santa Teresa, também encontramos repertório mexicano, missões e luso-brasileiro.
Art-Decó: Residencia
Residência comum encontrada no bairro, tendo em sua fachada formas geometrizada que caracterizam o estilo.  

Moderno: Residencial
Construção da vanguarda modernista, 1939, do jovem arquiteto Paulo Antunes Ribeiro. Uma composição marcada pelos volumes geométricos numa clara referência ao período cubista.




Pelo bairro encontramos mais casa de diversos estilos, inclusive contemporâneo. As mostradas aqui foram apenas alguns exemplos do que se pode encontrar andando pelo bairro.

Fonte:
http://www.marcillio.com/rio/encesate.html

Fotografia:
 - Acervo Pessoal (Patricia Otranto)
 - Google Street View
 - Google Imagens

Obs: Informações sobre algumas casas foram extraídas no site www. Inventarioturistico.com.br 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Trailer do Filme: Reidy - A construção da Utopia

Pra quem se interessou e está curioso sobre o arquiteto  Affonso Eduardo Reidy  ai vai a dica. Foi feito recentemente um filme relatando a vida e obra dele. Um documentário que inclui entrevistas exclusivas de Lúcio Costas, Paulo Mendes da Rocha, Cármem Portinho e Roland Castro.

Segue o Trailer e Sinopse.
SINOPSE

Nascido em Paris e radicado no Rio, o urbanista Affonso Eduardo Reidy é um dos pioneiros da arquitetura moderna. Em projetos notáveis, como o Conjunto Habitacional do Pedregulho, com o qual ganhou a Bienal de 1953, e o Museu de Arte Moderna, Reidy apresenta apuro arquitetônico e elege o homem como o centro de suas atenções.

O filme ‘Reidy, a construção da utopia’ aborda a sua trajetória desde os anos 30 até a construção do Aterro e Parque do Flamengo, em que retoma a cidade como tema central de sua arquitetura. Textos do próprio arquiteto nos contam suas alegrias, decepções e vitórias, além da iluminada contribuição para o Rio de Janeiro nos tempos modernos.

Sua obra é debatida nas entrevistas exclusivas do urbanista Lucio Costa, para quem Reidy era o mais elegante e civilizado de sua geração, da engenheira Carmen Portinho, parceira no Pedregulho e no MAM, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha que o relaciona ao urbanismo contemporâneo, e do francês Roland Castro que apresenta um contraponto entre Paris e o Rio.

Com uma arquitetura generosa e alegre, de significação pública, social e estética, que proporciona bem estar e contato com a natureza, Reidy faz parte do cotidiano dos brasileiros. O filme resgata do anonimato um arquiteto popular, como atesta o sucesso do Parque do Flamengo, espaço amplamente utilizado e marco da cidade.

A atualidade de sua obra permite abordar, entre outros temas, o problema da habitação com o crescimento das favelas, o apartheid urbano na divisão entre bairros ricos e pobres, a função social da arquitetura e a capacidade de ação da utopia em transformar o que se pensa e deseja em realidade concreta e construída.

No momento em que a crescente importância das cidades no desenvolvimento dos países valoriza mundialmente o urbanismo, o trabalho de Reidy nos revela o quanto a arquitetura é decisiva para a vida dos habitantes das cidades.

Ao construir a paisagem urbana do Rio, Reidy promove a sua transformação em cidade moderna. Seu trabalho nos revela como a arquitetura é decisiva para a vida dos habitantes das cidades.

Veja mais detalhes sobre a história de Reidy e suas obras no blog oficial do filme http://reidy-ofilme.blogspot.com

FICHA TÉCNICA
2009, 35mm, 77 minutos
DIREÇÃO, ROTEIRO e PRODUÇÃO: Ana Maria Magalhães
PRODUÇÃO: Clear Channel
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA : Dib Lutfi
DIREÇÃO DE ARTE: Carlos Liuzzi
Edição: Marcelo Pedrazzi
SOM: Dolby Digital
EDIÇÃO DE SOM: Beto Ferraz
PESQUISA: Adriana Cursino
DISTRIBUIÇÃO: Espaço Filme






Fonte: http://reidy-ofilme.blogspot.com

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes , O Pedregulho

2012 Chegou e com ele retorna os trabalhos! E vamos começando com um projeto da nossa arquitetura moderna!


Um projeto que podemos dizer ter sido feito para uma sociedade igualitária, sendo um ótimo exemplar de arquitetura moderna, mas abandonado, é o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho.

Situado no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, o Pedregulho compõe a face social da arquitetura de Afonso Eduardo Reidy, assim como a Unidade Residencial da Gávea (1952) e o Teatro Armando Gonzaga (1950), em Marechal Hermes. Esse edifício teve como idealizadora Carmem Portinho Dia, e tanto Reidy como Portinho defendiam que “habitar não se resume à vida no interior de uma casa”, propondo a composição entre moradia e o espaço externo, promovendo a instalação de serviços complementares às famílias na mesma área dos edifícios residenciais. Essa preocupação surgiu já no final dos anos 40 e a obra contou com técnicas de engenharia avançadas para a época.

Todo o Conjunto encontra-se em um terreno irregular com uma topografia bastante acidentada. Nele temos blocos residenciais e áreas de serviço comuns : jardim de infância, maternal, berçário, escola primária, mercado, lavanderia, centro sanitário, quadras esportivas, ginásios, piscina, vestiários e centro comercial.  O bloco em curva foi implantado para acompanhar o desenho feito pelas curvas de nível do terreno. Foram usados pilotis para criação de bosque e para vencer alguns acidentes do terreno.

 
No centro do conjunto, situam-se a escola e os edifícios destinados a lazer, construções essas que receberam um rebuscado tratamento plástico que se reflete na conjugação de abóbadas com fechamentos verticais revestidos com painéis de azulejo decorados. Esses painéis de cerâmica presentes nas fachadas do ginásio e do vestiário foram confeccionados e doados por Cândido Portinari, Anízio de Medeiros e Roberto Burle Marx com o objetivo de integrar arte e arquitetura, oferecendo às crianças a oportunidade de vivenciar a arte no dia a dia.

Os apartamentos eram pequenos, podendo ser de dois tipos. Um só tinha banheiro, cozinha e sala de estar integrada com quarto, sendo localizado nos 1º e 2º pavimentos. O outro, duplex, possuía cozinha e sala no primeiro andar e banheiro e quartos no segundo. Esses apartamentos eram pequenos porque, com toda a infra-estrutura que o local oferecia, pensava-se que os moradores iriam freqüentar e utilizar mais o conjunto por inteiro do que os apartamentos. A idéia era que, se existia uma lavanderia, as pessoas usariam a lavanderia e não lavariam roupa em casa; se existia escola, as crianças ficariam o dia inteiro lá e voltariam para casa apenas para dormir. Infelizmente, nos dias de hoje, podemos dizer que esse sistema não funcionou como esperado.

Internacionalmente, o Pedregulho é uma grande referência e exemplo de habitação popular. Porém, a realidade para ele é outra. Depois da morte de Carmem Portinho, o conjunto foi abandonado e levado a péssimos estados de conservação. Sua lavanderia está inutilizada; a escola continua funcionando, mas a piscina, que era exclusiva, tornou-se área de lazer para o condomínio inteiro; outros blocos que foram projetados não chegaram a ser construídos, dentre outras irregularidades que ocorrem no local.

É lamentável ver um grande conjunto, que poderia oferecer oportunidade de moradia para pessoas que não poderiam viver em condições melhores, sendo desperdiçado desta maneira.

Fontes:

- SILVA, Helga Santos da. Arquitetura moderna para habitação popular: a apropriação dos     espaços no conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho). Dissertação de mestrado. Orientador Mauro Cesar de Oliveira Santos. Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006. 

Fotografia e Imangens:
 - Acervo Pessoal
 - Sites de referência


sábado, 15 de outubro de 2011

Neoclássico - Casa França-Brasil

Setembro não foi um mês muito produtivo para o blog Nossa Arquitetura já que não teve nenhum post novo. No entanto,  realizei para meu curso, na faculdade,  um trabalho sobre a Casa França-Brasil e agora não só estou compartilhando ele com vocês como estou começando uma série sobre Neoclássicos.

Imagem 1:  Fachada principal hoje. 

Podemos dizer que a história da Casa França-Brasil está muito associada ao episódio da chegada de artistas franceses ao Rio de Janeiro, denominados de Missão Francesa. Ela foi projetada pelo arquiteto Grandjean de Montigny, arquiteto do grupo, com o objetivo de trazer novos conhecimentos para a antiga colônia. Afinal, naquela época o cenário do Rio era composto  ainda  por aquelas casas coloniais, com as ruas em calçamento pé-de-moleque e as janelas com muxarabis.

Inaugurada no ano de 1820, seu primeiro uso foi de Praça do Comércio. Ela logo se transformou em um importante centro onde circulavam comerciantes em ascensão, alguns deles com aspirações políticas. Depois que Dom João VI foi embora e o Brasil tornou-se independente, o espaço foi tranformado em uma Alfândega, que durou até 1944. Depois tornou-se o II Tribunal do Júri, o qual durou pouco tempo, e, por fim, chegou a ser o que é hoje: um Centro Cultural destinado ao intercâmbio entre Brasil e França.
Imagem 2: Desenho da fachada original do Granjan.

A Casa França-Brasil, segundo registros, foi uma das primeira construções neoclássicas no país. Pela perspectiva do interior (imagem 3), podemos ver claramente qual era a intenção do arquiteto para o edifício: uma monumental praça coberta por abóbadas de berço, em estuque, dispostas em cruz grega, e transepto iluminado por clarabóia-lanternim central apoiada em tronco cilíndrico. Possuia colunas dóricas que suportavam as arquitraves, delimitando o espaço da ágora onde os negócios e pregões seriam realizados.
Imagem 3: Desenho do interior original pelo Granjan

No entanto, esse projeto foi muito adaptado na construção, porque as técnicas construtivas ainda eram as mesmas usadas no período colonial e não conseguiriam dar conta de diversos detalhes, como por exemplo o telhado. Foi usado, ao invés, um telhado em planos escalonados, semelhante aos da arquitetura religiosa colonial, para vencer os grandes vãos. As colunas dóricas no interior são na verdade feitas de anéis de pedra superpostos e revestidos com madeira com pintura faiscada para imitar o mármore. O mesmo aconteceu com as arquitraves, e a própria fachada recebeu rusticação com argamassa no corpo central para atender à influência palladiana. É por isso que algumas pessoas que vão visitar essa casa sentem-se como em um ambiente cenográfico. Essas adaptações foram feitas ainda na época em que Dom João se encontrava aqui no Brasil.
Imagem 4: Interior hoje, mostrando uma exposição. 
Hoje a Casa França-Brasil realiza diversas exposições, principalmente entre Brasil e França. É tombada pelo IPHAN, recebeu algumas intervenções para adaptar-se aos dias de hoje, chega a receber 2 mil visitantes num mês e possui um restaurante/bistrô que, diga-se de passagem, é um dos maiores responsáveis pela movimentação no local. 

Ficou interessado? Que ir conhecer? Aqui esta o site: http://www.fcfb.rj.gov.br/
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 78 Ao lado da CCBB




Fontes:
VERISSIMO, Francisco, BITTAR, William, MENDES, Chico. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial novo milênio 2010
Fotografia e Imagens:
 - Paulo Bittencourt
 - Google Imagens



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Video: A Cidade Cresce Para a Barra (1970, Curta)


Esse curta fala rapidamente da evolução urbana do Rio de Janeiro desde o período Colonial até meados dos anos 70. Em foco, ele resume o Plano Piloto da Baixada de Jacarepaguá idealizado pelo Arquiteto Lúcio Costa.

Durante o vídeo, você verá imagens de edifícios religiosos (como conventos e igrejas) marcando onde se encontravam os quatros morros nos quais começou a formação da cidade, além de imagens e gravuras antigas de um Rio que passou e da Barra, Recreio e Jacarepaguá ainda desertos. Mostra também a proposta de urbanização e de centralização da cidade do Rio de janeiro acontecendo pela região de Jacarepaguá e alguns projetos de Oscar Niemeyer.

Abaixo encontra-se o vídeo, que possui aproximadamente 10 minutos de duração.
Divirtam-se. 


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Rio  Art Déco

Não é à toa que o Rio de Janeiro será sede do 11º Congresso Mundial de Art Déco. A nossa cidade maravilhosa possui diversos exemplares representativos desse repertório. No entanto, várias pessoas desconhecem o que é Art Déco e onde ela está presente.
O maior monumento Art-Déco
do mundo e uma das Sete Maravilhas
do mundo Moderno. O Cristo Redentor. 

Em resumo, a denominação surgiu após a Exposição Internacional de Arte Decorativa e Industrial Moderna de Paris em 1925, e se espalhou pelo mundo mas já existia em diversos países, porém com outros nomes. A linguagem Art Déco nunca foi um movimento estruturado, mas sim um conjunto de manifestações artísticas da época. Pode-se dizer também que foi uma atitude associada a uma visão otimista de mundo ambíguo, que se modernizava com máquinas e se destruía com guerras. Nesse meio, a linguagem do Art Déco foi muito aproveitada em questões políticas como forma mais acessível de se comunicar com o povo.  Hitler por exemplo, utilizou a arquitetura Art Déco como símbolo de poder.  Até Getúlio Vargas, para implantar a idéia de um Brasil moderno e inovador, usou o Art Déco. presente em diversos edifícios representativos, construídos no Estado Novo, como o antigo Ministério da Guerra ou a antiga sede da Central do Brasil, vizinhos, localizados no coração da Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro.

Mas, independente disso, o Art Déco se identifica pelas suas formas geometrizadas de temas abstratos e figurativos, onduladas ou simétricas. No Brasil, foi muito confundida com a Arquitetura Moderna, que surgiu em paralelo ao Art Déco. A partir dos anos de 1920 até 1950, bairros como Copacabana, Flamengo, Urca e Centro ganharam edifícios com esse estilo. Entre eles, o monumento mais importantes da nossa cidade é o Cristo Redentor, que com seus grandes volumes e planos é considerado uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno.

Com sua fácil execução e a utilização de materiais nobres, com boa possibilidade de manutenção, esse movimento se popularizou pela sua produção em grande escala podendo ser considerado a primeira manifestação de uma arte de massa. Abaixo temos alguns exemplos representativos da Arquitetura Art Déco dentro da nossa cidade. 


Palácio Duque de Caxias: Possui várias formas geometrizadas com uma base escura, proporcionando uma
sensação de peso e efeito de luzes no topo e dando a ele uma cara "militar".  Segue um estilo
mais Europeu do Art Déco.

Central Do Brasil: Construído por Roberto Magno de Carvalho
e Robert Petrince, o edifício possui mais um estilo Americano,
com o uso de torre. Também possui várias formas
geometrizadas e o uso de um relógio de quatro
faces no topo. 

Entrada do Edifício Itahy: Esse é um exemplo explícito
da influência indígena no Art Déco brasileiro. No
pórtico há uma séria índia dando as boas vindas.
Projetado por Arnaldo Gladosh.
Cinema Roxy:  Podemos dizer que o cinema é a cara do Art Déco. Esse cinema apresenta
esse mesmo trabalho com as formas geometrizadas e com cores.
Escada do Cinema Roxy: mostra claramente que não só essas formas se encontram
nas fachadas, mas também em seu interior.
Teatro Carlos Gomes: Esse também segue
um estilo americano de Art-Déco. Sua fachada
lembra até um arranha-céus nova iorquino.
Edifício Biarritz: Projetado por  Henri Paul Pierre Sajous
e Auguste Rendu, possui varandas curvas e grandes
ornamentos, além de ter um requintado portão de ferro.
Segue um estilo de serralheria das varandas.


Igreja  Santíssima Trindade: Essa igreja também foi
 projetada por Henri Paul Pierre Sajous
e foi pensada nos mínimos detalhes, com 21 vitrais
 de 1,20 x 8,00m.