Pintura auto-retrato |
O
primeiro arquiteto que efetivamente cursou uma Escola
de Belas Artes a pisar em solo brasileiro foi o francês Grandjean de Montigny, tornando-se uma das principais
referências para a arquitetura brasileira.
Com
a vinda da família real em 1808, Dom João, já coroado
rei em 1816, implementou diversas medidas para
tentar modernizar a antiga cidade colonial, transformada em capital do Reino
Unido. Entre elas, através da atuação do
Conde da Barca, recrutou um grupo de artistas franceses, dissidentes políticos
que recebeu equivocadamente o nome de Missão Francesa. Afinal, todos os
integrantes foram regiamente remunerados, sem qualquer atitude de abnegação
para ensinar gratuitamente aos colonos nacionais.... Entre seus componentes
estavam Debret, Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny.
Antiga Praça do Comércio atual Casa França-Brasil |
No Brasil ainda predominava o
repertório colonial, com poucas incursões por algum
nova tipologia europeia. Montigny tornou-se um
dos principais responsáveis pela divulgação da arquitetura neoclássica, tratada de uma forma mais erudita, projetando e construindo sua primeira obra de importância, a Praça do Comércio, transformada na Casa França-Brasil. (ver post http://www.nossarquitetura.blogspot.com.br/2011/10/neoclassico-casa-franca-brasil.html). Este também
foi seu primeiro desafio, devido à dificuldade e complexidade de construção, necessitando
de adaptações com a mão-de-obra local e materiais. Outros projetos
realizados por ele foram a Academia Imperial de
Belas Artes, o Palacete do Visconde do Rio Comprido, sua própria residência, o
Solar Grandjean de Montigny , dentre outros que
nunca saíram do papel como a Biblioteca Imperial e o Senado Imperial.
Montigny também
foi professor da Academia Imperial de Belas
Artes, no Rio de Janeiro, onde organizou o curso de arquitetura, e formou diversos alunos, futuramente
renomados com construções espalhadas pela cidade com o mesmo repertório.
Foto antiga do pórtico da antiga Academia Imperial de Belas Artes. Hoje o edifício foi demolido e seu pórtico se encontra dentro do Jardim Bothanico. |
Como
projetista, Grandjean era criticado devido as suas construções acabarem
trazendo problemas de luminosidade, estabilidade e setorização. Mas era considerado um ótimo desenhista e projetista de fachadas, embelezando assim a cidade. No entanto, era frequente a prevalência das
orientações da Escola Politécnica sobre o ensino das Belas Artes, valorizando a funcionalidade e estabilidade dos projetos
deixando secundária a composição estilística.
Devido ao atraso na inauguração da Academia, que só foi inaugurada
em 1826, o grupo francês se desarticulou. Alguns voltaram para a terra natal, o
líder do grupo faleceu e outros se estabeleceram de forma autônoma no Império.
Grandjean de Montigny aparentemente se identificou com a terra e
aqui permaneceu até sua morte, em 1850, habitando um solar avarandado que está
localizado nos terrenos da PUC-RJ, demonstrando sua capacidade de síntese entre
uma arquitetura tropical e detalhes do neoclassicismo internacional.
Antiga residência localizada nos terrenos da PUC-RJ. |
Fontes:
MENDES,
Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, William.
Arquitetura no Brasil de Dom João VI e Deodoro. Rio de Janeiro, Rj:
Imperial Novo Milênio, 2010.