sábado, 15 de outubro de 2011

Neoclássico - Casa França-Brasil

Setembro não foi um mês muito produtivo para o blog Nossa Arquitetura já que não teve nenhum post novo. No entanto,  realizei para meu curso, na faculdade,  um trabalho sobre a Casa França-Brasil e agora não só estou compartilhando ele com vocês como estou começando uma série sobre Neoclássicos.

Imagem 1:  Fachada principal hoje. 

Podemos dizer que a história da Casa França-Brasil está muito associada ao episódio da chegada de artistas franceses ao Rio de Janeiro, denominados de Missão Francesa. Ela foi projetada pelo arquiteto Grandjean de Montigny, arquiteto do grupo, com o objetivo de trazer novos conhecimentos para a antiga colônia. Afinal, naquela época o cenário do Rio era composto  ainda  por aquelas casas coloniais, com as ruas em calçamento pé-de-moleque e as janelas com muxarabis.

Inaugurada no ano de 1820, seu primeiro uso foi de Praça do Comércio. Ela logo se transformou em um importante centro onde circulavam comerciantes em ascensão, alguns deles com aspirações políticas. Depois que Dom João VI foi embora e o Brasil tornou-se independente, o espaço foi tranformado em uma Alfândega, que durou até 1944. Depois tornou-se o II Tribunal do Júri, o qual durou pouco tempo, e, por fim, chegou a ser o que é hoje: um Centro Cultural destinado ao intercâmbio entre Brasil e França.
Imagem 2: Desenho da fachada original do Granjan.

A Casa França-Brasil, segundo registros, foi uma das primeira construções neoclássicas no país. Pela perspectiva do interior (imagem 3), podemos ver claramente qual era a intenção do arquiteto para o edifício: uma monumental praça coberta por abóbadas de berço, em estuque, dispostas em cruz grega, e transepto iluminado por clarabóia-lanternim central apoiada em tronco cilíndrico. Possuia colunas dóricas que suportavam as arquitraves, delimitando o espaço da ágora onde os negócios e pregões seriam realizados.
Imagem 3: Desenho do interior original pelo Granjan

No entanto, esse projeto foi muito adaptado na construção, porque as técnicas construtivas ainda eram as mesmas usadas no período colonial e não conseguiriam dar conta de diversos detalhes, como por exemplo o telhado. Foi usado, ao invés, um telhado em planos escalonados, semelhante aos da arquitetura religiosa colonial, para vencer os grandes vãos. As colunas dóricas no interior são na verdade feitas de anéis de pedra superpostos e revestidos com madeira com pintura faiscada para imitar o mármore. O mesmo aconteceu com as arquitraves, e a própria fachada recebeu rusticação com argamassa no corpo central para atender à influência palladiana. É por isso que algumas pessoas que vão visitar essa casa sentem-se como em um ambiente cenográfico. Essas adaptações foram feitas ainda na época em que Dom João se encontrava aqui no Brasil.
Imagem 4: Interior hoje, mostrando uma exposição. 
Hoje a Casa França-Brasil realiza diversas exposições, principalmente entre Brasil e França. É tombada pelo IPHAN, recebeu algumas intervenções para adaptar-se aos dias de hoje, chega a receber 2 mil visitantes num mês e possui um restaurante/bistrô que, diga-se de passagem, é um dos maiores responsáveis pela movimentação no local. 

Ficou interessado? Que ir conhecer? Aqui esta o site: http://www.fcfb.rj.gov.br/
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 78 Ao lado da CCBB




Fontes:
VERISSIMO, Francisco, BITTAR, William, MENDES, Chico. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial novo milênio 2010
Fotografia e Imagens:
 - Paulo Bittencourt
 - Google Imagens



Nenhum comentário:

Postar um comentário