sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Neoclássico - Grandjean de Montigny

Pintura auto-retrato
O primeiro arquiteto que efetivamente cursou uma Escola de Belas Artes a pisar em solo brasileiro foi o francês Grandjean de Montigny, tornando-se uma das principais referências para a arquitetura brasileira.

Com a vinda da família real em 1808, Dom João, já coroado rei em 1816, implementou diversas medidas para tentar modernizar a antiga cidade colonial, transformada em capital do Reino Unido.  Entre elas, através da atuação do Conde da Barca, recrutou um grupo de artistas franceses, dissidentes políticos que recebeu equivocadamente o nome de Missão Francesa. Afinal, todos os integrantes foram regiamente remunerados, sem qualquer atitude de abnegação para ensinar gratuitamente aos colonos nacionais.... Entre seus componentes estavam Debret, Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny.

Antiga Praça do Comércio atual Casa França-Brasil
No Brasil ainda predominava o repertório colonial, com poucas incursões por algum nova tipologia europeia. Montigny tornou-se um dos principais responsáveis pela divulgação da arquitetura neoclássica, tratada de uma forma mais erudita, projetando e  construindo sua primeira obra de importância, a Praça do Comércio, transformada na Casa França-Brasil. (ver post http://www.nossarquitetura.blogspot.com.br/2011/10/neoclassico-casa-franca-brasil.html).  Este também foi seu primeiro desafio, devido à dificuldade e complexidade de construção, necessitando de adaptações com a mão-de-obra local e materiais. Outros projetos realizados por ele foram a Academia Imperial de Belas Artes, o Palacete do Visconde do Rio Comprido, sua própria residência, o Solar Grandjean de Montigny , dentre outros que nunca saíram do papel como a Biblioteca Imperial e o Senado Imperial.
Montigny também foi professor da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde organizou o curso de arquitetura, e formou diversos alunos, futuramente renomados com construções espalhadas pela cidade com o mesmo repertório.

Foto antiga do pórtico da antiga Academia
Imperial de Belas Artes. Hoje o edifício foi
demolido e seu pórtico se encontra dentro
do Jardim Bothanico. 

Como projetista, Grandjean era criticado devido as suas construções acabarem trazendo problemas de luminosidade, estabilidade e setorização. Mas era considerado um ótimo desenhista e projetista de fachadas, embelezando assim a cidade. No entanto, era frequente a prevalência das orientações da Escola Politécnica sobre o ensino das Belas Artes, valorizando a funcionalidade e estabilidade dos projetos deixando secundária  a composição estilística.

Devido ao atraso na inauguração da Academia, que só foi inaugurada em 1826, o grupo francês se desarticulou. Alguns voltaram para a terra natal, o líder do grupo faleceu e outros se estabeleceram de forma autônoma no Império.





Grandjean de Montigny aparentemente se identificou com a terra e aqui permaneceu até sua morte, em 1850, habitando um solar avarandado que está localizado nos terrenos da PUC-RJ, demonstrando sua capacidade de síntese entre uma arquitetura tropical e detalhes do neoclassicismo internacional.

Antiga residência localizada nos terrenos da PUC-RJ. 


Fontes:
MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, William. Arquitetura no Brasil de Dom João VI e Deodoro. Rio de Janeiro, Rj: Imperial Novo Milênio, 2010.